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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

DESPEDIDA


E enquanto eu lia e pesquisava sobre assuntos diversos na internet me deparei com um texto de Rubem Braga e me apaixonei, é algo que me remete meio que ao passado, os carnavais, as idas e vindas que a vida dá. Em seguida encontrei a imagem acima que me lembrou algo que vi ainda na semana passada, então tudo se encaixou perfeitamente e agora quero compartilhar com vocês o texto à seguir:

Despedida
Rubem Braga

E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.

E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?

 Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.

Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.

A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.

Extraído do livro "A Traição das Elegantes", Editora Sabiá – Rio de Janeiro, 1967, pág. 83.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Dúvidas



Seguem aí algumas dúvidas que tenho em relação aos comportamentos das pessoas, dúvidas que são compartilhadas por outros, mas que não tem coragem de se expor.

Por que voltou se não tinha a mínima intenção de ficar?

Por que me tirou da minha zona de conforto se não tinha a mínima intenção de me confortar?

Por que invadiu meu silêncio se não iria preenchê-lo com um sorriso solto e uma conversa franca?

Eu estava quieta, em meu retiro, em minha vidinha complicada, mas tranquila. Então invade minha rotina e sai como um ladrãozinho comum.

O que pretendia levar de mim quando voltou?

Que tipo de fetiche é este que te envaidece deixar à margem alguém que nunca te deixou pra trás?

sábado, 10 de novembro de 2012

SLASH, 09/11/2012



09 de novembro de 2012, a data que vai ficar pra sempre, depois do dia em que meu filho nasceu.

Não me achem chata se eu estiver sentimental demais, mas realmente o evento em questão já era esperado por mim há 23 anos (nossa... como eu tô ficando velha, hahahaha). Espero pela oportunidade de ver o Slash de perto há muito mais tempo do que a idade de muita gente que estava lá, mas isso me deixou feliz, sinal de que a boa música tem espaço com os nossos filhos também.

A Zero Hora hoje colocou "

Slash arrebata 7 mil pessoas em noite de Pepsi On Stage lotado"


E sim, foi um show arrebatador, a sensação de que se eu estendesse o braço poderia tocá-lo foi realmente intensa e arrebatadora. E pensar nos tempos em que falar em Slash ou qualquer outro ídolo ao final dos anos 80 era um sonho inatingível, e ontem ele era alí à minha frente real, tocável, eu tinha alí uma LENDA VIVA e não quero esquecer isso nunca, não quero que a memória me falte.

No decorrer do dia, quando eu ainda estava em choque pela noite passada, eu cheguei à pensar que morri, mas pelo jeito tinha morrido bem feliz, sim eu ainda estava em choque até bem poucos minutos, tô caindo em mim só agora, chorando surtada só agora pelo que aconteceu há 24 horas atrás.

Mais um trecho da Zero Hora

"Calado na maior parte do show, Slash não tenta chamar a atenção para si. Nem precisa, e isso fica claro quando o guitarrista executa as primeiras notas de um dos riffs mais marcantes de todos os tempos: o do início de Sweet Child O' Mine. Ver o homem da cartola tocando uma de suas maiores obras causa arrepios, mesmo com o calor sufocante."

Eu transcrevi isso justamente porque foi o que aconteceu comigo, o calor era realmente insuportável lá dentro, mas eu arrepiei sim, não chorei lá, só estou chorando agora. Era adrenalina demais. Era como se eu estivesse em uma cápsula do tempo, e tivesse voltado há uma época que não volta mais, era como se todos que estavam lá fossem os mesmos que estariam há 23 anos atrás, os mesmos loucos, os mesmos apaixonados, os mesmos cúmplices de tudo.

Estas histórias loucas de ídolos e tal, são amores que duram pra sempre e que não importa se a velhice deles chegar, porque é amor, porque a nossa história segue embalada e entrelaçada às histórias deles, e porque na nossa cabeça oca de fã nós até vivemos como eles.

Eu estava lá, feliz como há muitos anos não ficava. A realização de um sonho!

Quando foi mesmo que me entusiasmei realmente com algum evento pela última vez? Lembrei, quando o William nasceu, outro evento único, outro amor pra toda a vida, que o tempo não apaga, as atitudes não abalam e a distância não destrói.

Enfim, foi feita a transição. Agora posso seguir em frente, eu cumpri uma meta que há alguns anos atrás pensava que nem realizaria, e estou aqui, chorando contando como me sinto e incomodando meus seguidores que possivelmente vão me achar uma criatura pedante e louca. Louca eu aceito de bom grado, mas pedante não me agrada muito.

Definindo o Show do Sr. Saul Hudson: Épico!!!

Sem saber o Slash despertou em mim a pessoa que eu nem sabia que ainda estava lá, e como foi bom me reencontrar com o meu passado, saber que aquela pessoa que eu fui ainda está lá, eu gosto dela.

Definindo o meu momento: Eu estou em paz, ainda viajando na cápsula do tempo, curtindo este momento único que só eu posso entender uma vez que se trata de um sentimento meu, apenas meu.

Mandem os posts de experiências de vocês também, serão bem-vindos sempre. A contribuição de outras pessoas é muito importante pra mim.